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  • Elmar Gueiros

Culto Jovem


Igreja Prebiteriana de Copacabana - Rio de Janeiro

CULTO JOVEM – Simples Ideia, Ampla Repercussão

Comentários dos participantes do grupo organizador e promotor do CULTO JOVEM, iniciado na IPC – Igreja Presbiteriana de Copacabana, Rio de Janeiro – RJ, em 1973

Elmar Gueiros, 62 anos, 09 de dezembro de 2015, Fortaleza – CE, Brasil

A Motivação: Fato em NOV/2015

O Rev. Guilhermino Cunha, atual Pastor Emérito da Catedral Presbiteriana, no Rio de Janeiro – RJ, sede do início do presbiterianismo no Brasil, esteve pregando na 1ª Igreja Presbiteriana de Fortaleza – CE, em novembro de 2015. Ele foi um dos pastores da IPC – Igreja Presbiteriana de Copacabana nos anos 1970.

No fim do culto, ao cumprimentá-lo ao lado do meu pai, Samuel Gueiros, que foi presbítero daquela Igreja, e ao mencionar o meu nome, ele disse com expressão de satisfação: “Elmar, do CULTO JOVEM...”.

Ouvir dele este comentário, decorridos mais de 40 anos sem qualquer contato, percebi a dimensão da ideia e do fato “CULTO JOVEM”.

Este fato motivou-me a escrever este texto. Antes de publicá-lo nas redes sociais, solicitei a prévia aprovação e contribuição dos seus principais participantes e promotores, solicitando comentários e contribuições para a consolidação deste documento histórico.

O CULTO JOVEM passou a ser realizado em todos os domingos na IPC – Igreja Presbiteriana de Copacabana, durante vários anos, nas décadas de 70 e 80.

Com a colaboração da amiga Edy Gusmão (Banda SINAL VERDE) consegui, em janeiro de 2016, contatos com os fundadores e colaboradores do CULTO JOVEM:

Cláudio Ferreira

Fernando Carvalhal

Maria Luiza Milazzo

René Milazzo

Renato Piragibe

Além daqueles com os quais eu já mantenho contato:

Carlinhos Félix Banda SINAL VERDE e Banda REBANHÃO

Paulinho Marotta Banda REBANHÃO

Pedro Braconnot Banda REBANHÃO

Lisâneas Sá Freire Banda SINAL VERDE

Considero o CULTO JOVEM o fato original que ampliou a repercussão da forma musical de evangelizar e louvar a DEUS e ao Nosso Senhor JESUS CRISTO, como temos verificado nas últimas décadas e nos dias atuais.

Histórico, por Elmar Gueiros, 03 de janeiro de 2016, Fortaleza – CE, Brasil

Eram os últimos meses do ano de 1973. Em manhã de domingo, durante a Escola Dominical na Igreja Presbiteriana de Copacabana – IPC (Rio de Janeiro – RJ) o Pastor Emérito daquela igreja, Rev. Benjamim Moraes, excepcionalmente lecionava a aula daquele histórico domingo.

Estavam presentes alguns jovens da igreja (estimo em cerca de 8 a 12 alunos, eu entre eles) com cerca de 16 a 20 anos. O Rev. Benjamim Moraes nos exortava a convidar nossos amigos jovens a frequentar a Escola Dominical daquela igreja.

Criei coragem (creio que motivado por inspiração do nosso bondoso DEUS) e respondendo ao Pastor, argumentei (não exatamente os textos a seguir, mas aproximadamente):

“Pastor, como poderemos atrair jovens que agora pela manhã estão na Praia de Copacabana tomando chopp na calçada e paquerando as meninas de biquíni ?”

A então garotada presente deu risadas discretas, claro. Alguns até me olharam com espanto, como a dizer: “esse cara tá maluco, falando com o Rev. Benjamim desse jeito ?”

Ao contrário da reação que se poderia esperar de um pastor tido como conservador, o Rev. Benjamin Moraes provocou: “O que você propõe ?”

Respondi – eram os anos 70, reitero:

“Pastor, atualmente o que mais atrai os jovens é a música no estilo rock”

Contextualizando: nos anos 70, o som que os jovens mais ouviam nas rádios no Brasil e no mundo era o rock do Pink Floyd, Led Zeppelin, Deep Purple, e ainda Beatles e Rolling Stones (dos anos 60) e outras bandas famosas. Havia o programa de muito sucesso na Rede Globo, chamado “Sábado Som”, apresentado pelo jornalista Nélson Motta, que exibia vídeos das principais bandas daqueles anos, e era sucesso de audiência.

Até aquela época, o único instrumento de louvor permitido nas igrejas era o órgão (teclado) cujo som era obtido por meio de “aerofones”:

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

O órgão é um instrumento musical da família dos aerofones de teclas, tocado por meio de um ou mais manuais e uma pedaleira. O som é produzido pela passagem de ar comprimido através de tubos sonoros de diversos formatos, materiais e comprimentos.

Os órgãos variam imensamente em tamanho, indo desde uma caixa (órgão de baú) até a monumentais caixas do tamanho de casas de 5 andares. Encontram-se sobretudos nas igrejas, de culto cristão católico e protestante, mas também em teatros e salas de concerto, escolas de música e casas particulares (órgãos de estudo).

Os executantes deste instrumento chamam-se organistas e seus construtores organeiros.

Continuando com a proposta, acrescentei:

“Poderemos atrair para a igreja os jovens não evangélicos se tivermos permissão para tocar músicas de rock evangélico, com bateria, guitarra, teclado, etc. em horário em que estes jovens estejam disponíveis, a partir das 17h ...”

Contextualizando: no Rio de Janeiro daquela época (no fim de 1973 eu tinha 20 anos e morava com meus pais no Leblon, na Av. Afrânio de Melo Franco, ao lado do Clube do Flamengo). Tanto em Copacabana quanto no Leme, Ipanema e Leblon, os jovens frequentavam as praias aos sábados e domingos por volta das 12h e retornavam para casa por volta das 15h. Em geral as mães guardavam os almoços dos filhos na geladeira e, quando os filhos chegavam, eles próprios esquentavam a comida (alguns nem isso, porque ainda não existiam os fornos de micro ondas).

Naquela época não existiam os atuais shopping centers. Os jovens ficavam em casa nos domingos vendo TV até irem dormir, porque na 2ª feira teriam que frequentar o colégio ou a faculdade. Então, o horário ideal para atrair os jovens para a igreja aos domingos seria entre as 17h30 e as 19h00, quando eles não tinham opções de divertimento. Foi exatamente este o horário escolhido pelos fundadores e organizadores do CULTO JOVEM.

O Rev. Benjamin Moraes, homem já idoso e com postura aparentemente conservadora, surpreendeu a todos naquele momento quando apresentou o argumento da “contextualização”, que significa levar A Mensagem de DEUS de acordo com o contexto, com a ocasião, com a cultura dos ouvintes.

Em geral, não é eficaz levar A Palavra de DEUS de modo erudito para público sem erudição, com pouca cultura ou baixa escolaridade. De modo semelhante, o Rev. Benjamim Moraes percebeu, com a proposta, que a mensagem para os jovens poderia ser contextualizada, ou seja, transmitida conforme o contexto dos jovens daquela época: rock evangélico.

A grande maioria dos jovens presentes na sala ficou entusiasmada com a aceitação da proposta pelo Rev. Benjamim Moraes.

Posteriormente, ele promoveu reunião do Conselho da igreja, do qual fazia parte o meu pai, Samuel Gueiros, além dos reverendos Nehemias Marien e Jonas Resende, na época pastores com visão liberal. Conforme informação do colaborador deste texto, e também fundador do CULTO JOVEM, Renato Piragibe, o futuro pastor da IP Copacabana, Rev. Guilhermino Cunha, exercia, na ocasião, a função de Secretário Presbiterial da UMP – União da Mocidade Presbiteriana da igreja.

O Conselho da IPC aceitou a proposta e autorizou a realização do CULTO JOVEM aos domingos, iniciando às 17h30 e encerrando às 19h00, porque o culto tradicional iniciava às 20h00.

Após a autorização, precisávamos definir o formato (liturgia) do culto: abertura, repertório, Palavra de DEUS, orações, ofertas, etc. Então foi criado um grupo dos jovens que realizou várias reuniões prévias, algumas delas na residência dos meus pais, onde eu morava. Foi definido o nome CULTO JOVEM e os jovens que participaram deste grupo foram os já mencionados no início.

Muito importante: foi a primeira vez no Brasil que uma igreja evangélica permitiu a instalação, no local do Púlpito, de instrumentos como: bateria, teclado, guitarra, baixo e outros (até pandeiro sem couro, como percussão), além de muitos microfones para os vocalistas, e caixas de som. O Rock Gospel também evoluía nos Estados Unidos e na Europa.

Foram definidos os grupos para distribuir folhetos promocionais do CULTO JOVEM na Praia de Copacabana e arredores da igreja, visando principalmente os jovens. Muitos dos fundadores citados realizaram esta atividade aos domingos, após a Escola Dominical, que encerrava por volta das 11h30. Inclusive eu.

Lembro bem deste período porque estava concorrendo ao cargo de programador de computadores (TI) nas Lojas Americanas no Rio de Janeiro – RJ, para o qual fui contratado em fevereiro de 1974. Por já estar trabalhando profissionalmente, não pude aceitar o convite do Carlinhos Félix e do Janires para integrar, como guitarrista, a futura banda REBANHÃO, parte do histórico de sucesso do Louvor Evangélico, ao lado de outras bandas.

Ao longo das realizações do CULTO JOVEM, a quantidade de participantes cresceu progressivamente. O auditório principal da IP de Copacabana tinha capacidade para 300 ou 400 pessoas (não lembro exatamente). O público, composto não somente por jovens, mas por adultos e casais, cresceu tanto que foi necessário abrir as portas do anexo da Escola Dominical (Salão Paulo César), que ficava do lado esquerdo do auditório principal, com capacidade para cerca de 50 pessoas.

Os cultos jovens eram momentos festivos, de evangelização, principalmente, e de louvor e adoração. Vejam depoimento na internet de Daniel do Amaral:

http://danieldoamaral.blogspot.com.br/2007/08/msico-poeta-ou-um-estado-intermedirio.html

Selecionei o seguinte trecho dos comentários dele:

Aos treze anos (1974) eu estava na Igreja Presbiteriana de Copacabana, quando começou a ter o CULTO JOVEM das 18 horas. A partir dessa época eu comecei a me interessar pelo violão, embora jamais tenha tido aulas. Via o pessoal tocando nos cultos, pedia uma dica para um ou outro, pegava umas revistinhas com cifras e ia tocando mais ou menos.

A primeira vontade que eu tive de compor alguma coisa foi vendo as apresentações do grupo SINAL VERDE, cujo núcleo mais tarde iria formar o REBANHÃO, com o Janires. Foi a primeira vez que eu vi um conjunto ensaiando, tocando guitarra e baixo com amplificadores valvulados, com bateria, etc.

Com o sucesso do CULTO JOVEM e os bons resultados alcançados, foram realizados também muitos festivais de música evangélica para jovens, denominados FESTIJOVEM, tanto na IPC quanto em auditórios fora da igreja. O 1º FESTIJOVEM foi realizado em 1975 na IPC e, devido ao grande público que lotou o salão da igreja, o festival seguinte foi programado para auditório com maior capacidade de público.

O 2º FESTIJOVEM foi realizado em 1976, no auditório da Associação Cristã de Moços – ACM (bairro da Lapa). O 1º lugar foi conquistado pelo Carlinhos Félix, com a música DECISÃO (letra do Hermes e melodia do Carlinhos), recebendo como prêmio sua primeira guitarra fender stratocaster, importada dos Estados Unidos pelo Rev. Guilhermino Cunha. O 2º lugar coube à banda PSALMOS & HYMNOS, integrada pelos irmãos Elmar, Samuel e Evandro Gueiros.

Elmar Gueiros

Histórico, por Lisâneas Sá Freire, 04 de janeiro 2016, Sitges, Espanha

Apenas para contextualizar: considero a criação do CULTO JOVEM como momento único na vida da igreja evangélica no Brasil, pois até então não se permitia baterias e guitarras e outros instrumentos nos cultos. A Igreja católica já tinha começado com a Missa Jovem em Copacabana, mas os evangélicos ainda estavam bloqueados.

O CULTO JOVEM da Igreja Presbiteriana de Copacabana foi um boom em todos os sentidos, trazendo para dentro da igreja os jovens da Zona Sul do Rio de Janeiro, num momento em que o “Sex, Drugs and Rock and Roll" liderava as tendências da juventude nos anos 70.

O crescimento do público frequentador foi exponencial e, em pouco tempo, a igreja estava lotada, inclusive com alguns “não tão jovens” da própria igreja, que elegeram como preferida esta forma contextualizada de culto e louvor.

Como resultado, surgiram muitos líderes jovens, que seguiram firmes a carreira. Alguns, inclusive, no pastorado, como o Beto, o Baiano, o Lucas, o Pedro Bianco e outros.

Na época eu, como irmão 10 anos mais velho (diácono de terno e gravata) cuidava nos bastidores de preservar a liberdade do grupo interagindo com os pastores e presbíteros. Tarefa difícil com alguns mais reacionários.

Aquela mocidade pôde viver momento único de união e criatividade. Os retiros espirituais, realizados como complementos, foram capítulo à parte. Viviam muito próximos da imagem da Igreja Primitiva, conforme o capítulo bíblico de Atos dos Apóstolos, onde todos se amavam e viviam juntos em união e singeleza de coração: "e o Senhor lhes acrescentava diariamente os que iam sendo salvos”...

Mas, considero dois momentos distintos no histórico do CULTO JOVEM:

Primeiro: após a criação do CULTO JOVEM original, sob a coordenação eclesiástica do Rev. Jonas Resende, houve a sua reedição promovida por pequeno grupo mencionado pelo Claudio Ferreira (Vanúzio, Milta, René, Lulu, Cláudio, depois chegando o Hermes, Walney, Renato Maia e outros), apoiado pelo Rev. Nehemias Marien. Veio a cobrir o vazio que se criou com a saída do Rev. Jonas Resende e do grupo original.

Segundo: a criação da banda SINAL VERDE, já no fim dos anos 70. Nesta mesma época eu (Lisâneas), Elmar Gueiros e o Carlinhos Félix já estávamos ensaiando algo parecido com uma banda evangélica, com arranjos impecáveis do Elmar para voz e guitarra.

Mas, acabamos por nunca nos apresentar publicamente. Foi então que o Carlinhos Félix reuniu o grupo original da banda SINAL VERDE. Inicialmente ele, eu, Lulu, Edy e, logo em seguida, o Cláudio e o Júlio, que já tocavam com o Carlinhos na banda do CULTO JOVEM.

Logo depois chegaram o Lucas dos USA e depois o Luciano. E a banda SINAL VERDE começou a se apresentar, e até gravou um compacto em vinil (esclarecimento para a geração digital: até o surgimento da gravação digital, as músicas eram gravadas em formato de discos em cera vinil, nas versões LP – Long Play com até 15 músicas, e Compacto com até 5 músicas).

Foi neste tempo que eu me casei, mudei e já não pude continuar frequentando o CULTO JOVEM. Nesta época, chegou o Janires, vindo de São Paulo – SP, com a “marca” REBANHÃO na bagagem. Não me lembro bem dos motivos, mas daí o Carlinhos Félix saiu da banda SINAL VERDE para formar com o Janires a nova banda chamada REBANHÃO, convidando para a nova banda os então garotos Paulo Marotta, Pedro Bracannot e Kandel (todos ex-UPA – União Presbiteriana de Adolescentes). A banda REBANHÃO passou então a se profissionalizar.

Diante de tantos fatos positivos, há também o fato a lamentar: a dispersão prematura e rápida daquela juventude tão especial, após aqueles poucos e marcantes anos para a história da música e do culto evangélico. O que passou com a IPCopa foi o que ainda hoje segue acontecendo em muitas igrejas evangélicas pelo mundo afora. Por falta de cuidado e de visão das lideranças para com os jovens, à medida em que estes amadurecem e passam a ser mais exigentes, acabam por se frustrar com os líderes evangélicos e suas políticas eclesiais, que sufocam e desestimulam todas as tentativas de renovação ou mudança.

O resultado prático e triste é que a maioria daqueles jovens alcançados pelo CULTO JOVEM se afastou, não só da igreja, mas do Corpo de CRISTO, e não voltou a se integrar. Pela Graça de DEUS, alguns poucos, como os que estamos contribuindo com este documento, seguiram firmes em outras igrejas, e até em outros países. E hoje podemos lembrar daquele tempo com alegria, com os corações aquecidos e gratos ao nosso bondoso DEUS. Outros, infelizmente, não. Fica a dura lição...

Lisâneas Sá Freire

Histórico, por Cláudio Ferreira, 06 de janeiro 2016, Washington, D.C., USA

O Rev. Nehemias Marien, num belo dia, informa que o Conselho da Igreja Presbiteriana de Copacabana - IPC liberou uma pequena verba para comprar instrumentos músicais. Ele pergunta ao grupo minguado de jovens que sobraram do CULTO JOVEM inicial da IPC: “quem sabe tocar bateria? E quem levanta a mão? Eu!!

Porém, eu nunca tinha visto uma de perto, muito menos sentado numa. Nunca havia tocado tambor, pandeiro, reco-reco, nada de percussão. Não lembro o que passou na minha cabeça no momento. Sim, eu gostava de música, mas tudo o que havia estudado, até então, havia sido um ano de piano quando tinha uns 7-8 anos.

Chegando as caixas com a bateria Pinguim, baixo e guitarras Sonelli, amplificadores Giannini.... como montar aquelas peças todas? Naquela época, anos 70, ainda não existiam Google nem Youtube, que hoje permitem aprender tudo sobre tudo!!

Uma vez montada a dita cuja, sento e....não é que consegui levar um ritmo? Inicialmente tocando muito mal e porcamente (e reconhecendo que alguns possam dizer que nunca evoluí desse ponto até hoje!! rsrsrs), mas os braços e pernas sabiam o que fazer individualmente nos pedais, tambores e pratos, o que não parece ser “natural” para uma grande maioria das pessoas.

Ninguém da minha família jamais havia esboçado inclinação músical! Talento pessoal, nato? Nenhum que eu conhecesse! Espírito de DEUS agindo em nós? Com certeza!! Foi um presente, um milagre!!

Essa semente gera frutos até hoje. Busco retornar ao Senhor louvando com o talento que me foi presenteado. Abaixo, foto quando o Renato Maia e esposa nos visitaram em Washington, depois de assistir a um culto onde toquei bateria (mais de 40 anos depois daquele “sim, eu posso tocar”). :-)

Cláudio Ferreira

Histórico, por René Milazzo, 06 de janeiro 2016, Rio de Janeiro – RJ, Brasil

Era meados de 1973 e eu me lembro vivamente de orar para achar “alguma igreja não convencional”. Entenda-se: mais informal e animada, e do dia em que, com este intuito, saí a esmo por Copacabana, passando “por acaso” em frente da Igreja Presbiteriana de Copacabana – IPC, de onde ouvi uma música surpreendentemente vibrante.

Curioso, entrei e logo me empolguei com aqueles jovens cristãos, “rebeldes” como eu. E, identificado, logo passei a frequentar também as reuniões que aconteciam em casas nas 6ª feiras, um misto de papo contracultura com Evangelho, que me fascinava.

Mas, para meu espanto, muito rápido, num certo domingo, ao entrar no templo, cadê o carismático Pastor Jonas Rezende; cadê todo mundo? Apenas um cidadão, o mano Renato Maia, falava ao microfone, e não mais que uma meia dúzia de criaturas o ouvia placidamente (oops). E ele instava para recomeçarmos (como assim?) o trabalho de atração de jovens para o CULTO JOVEM, porque a turma que ali se reunia havia “mudado de igreja” (como assim, de novo??).

Em seguida, ele foi ousado, e convocou, quase individualmente, aquela meia dúzia para formarem um conjunto músical (naquele tempo não havia o conceito de banda) para, no domingo seguinte, assumirem a música do CULTO JOVEM.

Na santa (literalmente) inocência dos meus 16 anos, achando que seria fácil, arrumei naquela semana um violão e, na base de um rudimentar ré-sol-lá, tive a cara de pau de chamar meus pais para o meu primeiro ato como guitarrista (!!!), que aconteceria no domingo.

Lembro-me bem que o baterista era o mano Cláudio (Ferreira), que já atacava bem (com todo o respeito, no sentido duplo) o ruidoso instrumento, recém comprado numa loja em promoção na rua da Carioca. E quem disse que a traquitana, benevolentemente chamada de guitarra, era afinável? A coisa foi tal que, quando meu pai soube que eu voltaria tocar na outra semana, disparou em tom solene: “tem certeeezaaa???”.

Em suma, fui hilariamente horrível... Mas, “espiritual”. Mas insisti, porque mais do que a expertise músical, o que importava e sobressaia era o chamado do Alto para participar daquele nobre e urgente ministério de buscar e apresentar CRISTO aos jovens em Copacabana, quiçá Rio de Janeiro todo.

Mas, depois do “mico”, andei tomando umas aulas mambembes no instrumento, melhorei o tanto para segurar a barra até chegarem “virtuoses”, como os extraordinários manos Lucas, Luciano, Carlinhos Félix, Boris, Paulinho Marotta, Kandel e os saudosos Júlio e Janires, entre outras feras. Isto sem falar nas meninas cantoras, que aqui não arrisco mencionar, porque não sou bobo, vai que eu esqueço um nomezinho, tô frito!

Então, com o novo grupinho que se formava (re)começaram as reuniões de 6ª feira, as de oração na 5ª feira, os grupos ECO (estudo, comunhão, oração) na 3ª feira, no mais puro senso de Atos 2.42-47. E era comum entreabrir os olhos naqueles encontros devocionais, em plena nave do templo, e perceber mais e mais gente chegando quebrantada, sensível e necessitada de DEUS.

Claro, entravam também os bebuns e enfumaçados (entenda-se), fanáticos ou céticos, desesperados e desesperadas, emocional, afetiva e existencialmente.

O CULTO JOVEM tinha gente pendurada no lustre, de tão cheio e eletrizante. E, como a demanda, não parava, nem sempre dava para encaminhar a rapaziada aos pastores. Então, mesmo ainda inexperientes, teológica e vivencialmente, tratávamos e aconselhávamos os que O Senhor ia enviando e, assim, aumentando exponencialmente o número dos que iam sendo salvos.

A tal ponto que, em menos de 2 anos depois, o Retiro de Carnaval em Sacra Família somou espantosas 287 almas. Uso almas porque havia jovens, adultos e outros tipos, que até hoje não sei o que eram e como foram parar lá...rsss.

A propósito – porque não mencionar? – era a maior concentração de meninas bonitas que eu já vi...ufa, DEUS não economizou buniteza ali. Acho que nunca antes (nem depois) na história deste país (sic) se namorou tanto numa igreja...rssss!

Lembro que, na época, então como Presidente da UMP – União da Mocidade Presbiteriana da IPC (1976 e 1978) – leia-se responsável por aquela trupe toda diante dos Reverendos (eita convivência “emocionante”) – cheguei a flagrar gente “se conhecendo melhor” debaixo do ônibus, que nos levou ao local do retiro, como também de cultos memoráveis, onde muitos eram batizados com ou no Espírito Santo, como cada um queira entender isto.

Mas o dom dos dons, o amor superlativo que nos uniu, ninguém jamais esqueceu. Até por aqueles que, por diversos motivos, se afastaram até da fé.

Mas este é outro papo, que num contexto mais micro deveríamos considerar, resgatando as lições aprendidas para acolher muitos que andam por aí, de igreja em igreja, em busca de condução, aflitos pela escassez de locais onde achem aqueles princípios realmente bíblicos que, em nossa singeleza, presávamos.

Daí o crescimento não apenas quantitativo, mas qualitativo. En passant, reconheça-se, o belo trabalho dos presidentes da época: Renato Maia, Milta Neide, Renato Piragibe, Marcelo Carvalhal, André Labrunie e José Roberto Cavalcante.

Mas que benção! Entre lutas espirituais tremendas e aventuras incontáveis, entre UMP – União da Mocidade Presbiteriana e da UPA – União Presbiteriana de Adolescentes, a turma ia crescendo literalmente em estatura e graça.

Em breve (meados de 1979), chegaríamos aos 500 jovens, assíduos, engajados, muitos deles desenvolvendo os dons espirituais, que escreveram uma história única no bairro e no próprio cenário nacional, pela justa cooperação entre grupos evangélicos jovens, que proliferavam na cidade.

Tempos de festivais de música evangélica, que geravam frenesi na então florescente era de compositores cristãos, ainda não se usava a expressão Gospel, da Equipe Ação Marcelo Gunter (nome dado ao nosso errático, mas honesto conjunto de música, em homenagem ao jovem talentoso morto precocemente) e fenômenos como o REBANHÃO, SINAL VERDE e outros, que aconteciam em outros estados, como os Vencedores por CRISTO, Mocidade para CRISTO, Lagoinha, etc., etc.

Quebramos tabus “denominacionais” e preconceitos dogmáticos. Compusemos muitas músicas boas com base bíblica! E, sem saber direito, éramos contemporâneos do tempo negro de Ditadura Militar, e fomos úteis a DEUS para amenizar sofrimentos provocados por ela, na medida em que levávamos a Palavra a presídios, hospitais, asilos, universidades e... igrejas!

Gostaria muito de ver algo parecido na atual ditadura (e põe dura nisso) não militar, que ora decreta a situação de PT (sugestivamente conhecido como “Perda Total”) do país. Mas, as igrejas parecem só olhar para dentro de si... Muitas saudades dos tempos em que éramos mais lúcidos e corajosos.

Na minha contagem recente, aquela geração abençoada (porque buscava o Reino em 1º lugar) rendeu mais de 25 pastores, além das dezenas (centenas?) de profissionais cristãos de todas as áreas, focados em ações “out igreja” (como eu), que foram pelo mundo afora testemunhando e fazendo discípulos. Sem contar os muitos e muitos casais que ali se formaram e que (milagrosamente) perduram até hoje; que frutificaram filhos e já netos criados e comissionados para o Reino, para honra e glória de DEUS e, com isto, exercer justiça e competência numa nação que hoje, mais do que nunca, se ressente e clama por líderes com estas raras características.

Em resumo, fizemos e ainda fazemos uma baita diferença nos vários tecidos da sociedade. Graças ao nosso bondoso DEUS!!

Porém, finalizando e lamentando, concordo com o trecho final do histórico apresentado pelo Lisâneas:

Diante de tantos fatos positivos, há também o fato a lamentar: a dispersão prematura e rápida daquela juventude tão especial, após aqueles poucos e marcantes anos para a história da música e do culto evangélico. O que passou com a IPC Copa foi o que ainda hoje segue acontecendo em muitas igrejas evangélicas pelo mundo afora. Por falta de cuidado e visão das lideranças para com os jovens, à medida em que estes amadurecem e passam a ser mais exigentes, acabam por se frustrar com os líderes evangélicos e suas políticas eclesiais, que sufocam e desestimulam todas as tentativas de renovação ou mudança.

O resultado prático e triste é que a maioria daqueles jovens alcançados pelo CULTO JOVEM se afastou, não só da igreja, mas do Corpo de CRISTO, e não voltou a se integrar. Pela Graça de DEUS, alguns poucos, como os que estamos contribuindo com este documento, seguiram firmes em outras igrejas, e até em outros países. E hoje podemos lembrar daquele tempo com alegria, com os corações aquecidos e gratos ao nosso bondoso DEUS. Outros, infelizmente, não. Fica a dura lição...

René Milazzo

Histórico, por Edy Gusmão, 06 de janeiro de 2016, Kirkland, Quebec, Canadá

Sempre frequentei a Igreja Presbiteriana de Copacabana – IPC, desde pequena, sempre na parte da manhã (Escola Dominical e Culto das 11h). Assim, conheci Lulu Milazzo e seu amado pai – o querido Dr. Daniel Milazzo –, Elmar Gueiros e seus pais, Lívia Vianna (minha querida amiga e irmã, hoje já junto do DEUS Pai) e seus pais, e por aí vai...

Quando próxima dos meus 17 anos, numa bela, mas sombria tarde de domingo (pelo menos em meu coração), saí de casa e fui andando meio sem rumo, buscando “não sei o que”, até chegar em nossa IPC – Igreja Presbiteriana de Copacabana.

Portões abertos e, lá dentro, um grupo ensaiando músicas evangélicas no altar (me lembro de Marcelo Ganther: jovem da Igreja Presbiteriana de Botafogo, cuja missão era ajudar a UMP – União da Mocidade Presbiteriana de Copacabana a se reerguer), Lulu Milazzo, Cláudio Ferreira e René Milazzo (desculpem, minha memória não é das melhores, só lembro desses).

Entrei e sentei em um banco e fiquei ouvindo aquelas músicas, que eles chamavam de "corinho". Marcelo Ganther, numa tentativa incansável de fazer a música "acontecer", sempre animado e simpático, de lá do alto me pergunta:

“ – Ei, você sabe cantar?”

Respondi: “Não”.

E ele, não se dando por satisfeito, continua:

“ – Mas nem fazer lá lá lá lá ?”

Daí arrisco:

“ – Bem, acho que lá lá lá lá dá para fazer”.

E ele me convoca:

“ – Então sobe aqui e vem completar o grupo”.

A partir desse dia nunca mais perdi um domingo naquela que passou a ser a minha Mocidade (UMP). E, por bom tempo, fui responsável pelo louvor no CULTO JOVEM, conduzindo e incentivando o público presente a cantar, louvando a DEUS! Bons tempos!

O grupo foi crescendo e melhorando. O Marcelo Ganther se foi abruptamente para a presença do DEUS Pai e novos irmãos e talentos vieram. Como já registrei, não tenho a melhor das memórias. Mas, sim, flashes de momentos, situações, etc.

Me lembro bem de cantar com Elmar e Lulu, hinos tradicionais (que eu bem conhecia por frequentar o culto da manhã) rearranjados por Elmar (arranjos lindos, diga-se de passagem), assim como sua música:

“Senhor, meu DEUS,

DEUS de amor

Guia os passos meus

Faz-me crer, mais e mais

E por Ti viver

O mundo, trevas me dá

No escuro, não posso andar

Minha Luz é O Teu perdão

Segura na minha mão

Meu DEUS

Sou Teu

Meu DEUS

Sou Teu

Meu DEUS!

Porque DEUS

Sempre quis

Me ver mais feliz

Porque eu

Sempre quis

Viver mais...

Lembra disso Elmar? (Elmar: lembro sim, Edy; e fiquei muito emocionado com esta sua lembrança, porque tenho especial apreço por esta música, cuja inspiração o nosso bondoso DEUS me concedeu no início dos anos 70).

Também me lembro de cantar com Fernando Carvalhal e Lulu, e se me perguntarem como começou a banda evangélica SINAL VERDE, respondo que não faço a menor ideia (xiii, a coisa tá feia). (Elmar Gueiros: fotos da banda no fim deste documento).

Finalizo estes comentários ressaltando que o CULTO JOVEM foi época inesquecível para mim. Deu sentido para minha vida quando tudo estava sem rumo. E, me direcionou para a música e para o louvor ao Senhor e Salvador JESUS CRISTO, O Filho de DEUS.

Edy Gusmão

Histórico, por Pedro Braconnot (Pedrinho, REBANHÃO), 13 de janeiro de 2016, Rio de Janeiro – RJ, Brasil

Achei muito boa a iniciativa de registrarmos o histórico do CULTO JOVEM. Este meu breve relato, embora só tenha conhecido a IPC em 1981, por ocasião do meu contato com o convite do Janires para integrar com ele a banda REBANHÃO.

Recém-chegado ao Rio de Janeiro – RJ, proveniente de São Paulo – SP, o Janires teve participação importante na minha conversão por me incentivar a também tocar teclado e frequentar a Igreja Presbiteriana de Copacabana – IPC. Fui batizado lá e frequentei aquela igreja até as mudanças que levaram à saída de boa parte dos jovens, inclusive eu.

Generalizando, foi grande a benção conhecer todos vocês da relação dos participantes deste documento e muitos outros, que não estão citados, como Leila Pigui, Fábio Patriota, Armando, Robério, Kandel, Marcelo Miniguini, o ilustre Joaquim Levi (Ministro da Fazenda no ano de 2015) e outros da geração de 80. Com alguns tenho bastante contato até hoje. É impressionante ver quantos se tornaram líderes e pastores. Glória a DEUS!

Apesar dos problemas que ocorreram na igreja, o REBANHÃO foi acolhido pela IPC através do Conselho e do Pastor Nehemias Marien. Os anos 70 foram marcados pela consolidação da geração Woodstock. A igreja precisava de estratégias para alcançar estes jovens e a música foi estratégia muito forte. Eu mesmo sou fruto dela. Imagina se não houvesse IPC 70/80? Uma lacuna grande, com certeza!

Lembro que, certa vez, o René Milazzo disse lá no salão Paulo César (anexo da IPC) algo como "o crente precisa passar no teste dos dez anos”. Depois de dez anos, vemos quem é crente de verdade, porque o primeiro amor vai esfriando e tal... Eu pensei comigo, uau! falta muito ainda para mim… Graças a DEUS já faz 35 anos e tenho muita fé (rsrs...). Muitos de nós passamos neste teste, embora alguns tenham, talvez, “ficado na estrada”. Desejo que estes testemunhos, neste documento, possam acender a chama em alguns corações.

Lembro de muitos cultos jovens, reuniões de oração e retiros, que marcaram a minha vida. A música do SINAL VERDE e dos jovens em geral foi muito marcante para mim e para toda aquela geração.

Este ano (2016) será lançado o DVD marcando o reencontro do REBANHÃO com a minha participação, do Carlinhos Félix e Paulo Marotta com músicas também do Lucas Ribeiro. Estou empolgado com isso e conto com a presença de todos vocês no show do lançamento. Forneceremos informações na página do REBANHÃO no FaceBook e no site www.rebanhao.com .

Eu disse que seria breve. Então, melhor ficar por aqui :)

Pedro Braconnot

Histórico, por Renato José Piragibe, 14 de janeiro de 2016, Rio de Janeiro – RJ, Brasil

Como é bom ler e lembrar momentos que mudaram totalmente a rota de vida de muitos, como a minha. Mudar para melhor e tornar inesquecível o tempo que passamos juntos.

Eu me considero um super predestinado (rsrs...) e iluminado, pois cheguei na Igreja Presbiteriana de Copacabana – IPC, em março de 76, em momento especial que passava a UMP – União da Mocidade Presbiteriana daquela igreja. E, à exemplo do relato histórico da Edy Gusmão, nunca mais deixei de frequentar. Aquela UMP da IPC já estava se consolidando e tudo fluía “às mil maravilhas”.

Soube da IPC e do seu CULTO JOVEM pelo mano René Milazzo, colega da faculdade de engenharia. Convidado para ir ao CULTO JOVEM, fui de imediato e lá encontrei enorme grupo de jovens cantando e louvando a DEUS com muita alegria. Entrei no ritmo e comecei a bater palmas bem empolgado.

No momento da contrição, a Edy, que dirigia o louvor, fez exortação a todos a amarem e louvarem mais ao nosso DEUS quando falou: “...Estou vendo um rapaz pela primeira vez aqui no CULTO JOVEM”. Apontou para mim e – que exemplo! – porque, eu vibrava com a forma como a Edy batia palmas e louvava ao nosso DEUS... Na verdade, eu não entendia muito de louvor. E batia palmas pelo movimento coletivo, porque o CULTO JOVEM nos levava à essa emoção.

Depois, no Salão Paulo César (anexo da IPC) fui recebido por uma plêiade de lindas meninas, e de rapazes também. Ganhei um copo de mate e depois fui levado à mesa para assinar o livro dos visitantes. Após assinar, ganhei um envelope de pipoca dobrado e dentro dele uma série de adesivos marcantes, que tenho até hoje (depois descobri que se tratava de uma doação do Jorge “japonês”). Esses adesivos eram a marca e o carinho daqueles jovens da UMP Copa para os visitantes. Na saída, uma pizza com o Rene e turma. Como esquecer???!!!!!

Em casa pensei: “puxa vida, aquela gata me reparou no culto; no salão, mais gatas ainda; a rapaziada de primeira!; recebido com honras de embaixador; nunca vi nada igual!; que lugar maravilhoso!; que pessoas amigas!; pena amanhã não ser domingo novamente...” (estou agora em lágrimas só de lembrar).

Caros irmãos, esse foi o meu início, teria muito a contar por esses anos todos, mas nunca poderia imaginar que hoje seria um presbítero na IP Copacabana e que, o meu primeiro cargo na UMP em 78, de tesoureiro, fosse mais tarde me levar a Tesouraria do Supremo Concílio de nossa IPB – Igreja Presbiteriana do Brasil.

Com certeza é muito interessante o foco escolhido – CULTO JOVEM – objeto principal desse movimento inovador dentro das igrejas. Sem dúvida, foi ele o fato gerador que ampliou todas as outras vertentes do Movimento Gospel da época. Fomos pioneiros! Graças ao nosso bondoso DEUS!

Em relação aos textos já lidos, ofereço as seguintes contribuições:

  1. Rev. Benjamim Morais, meu primeiro professor na ED – Escola Dominical, não foi um conservador tradicional dentro da IPB. Creio que ele estava mais para progressista. Suas posições sempre foram de vanguarda, homem de mente aberta, que se adaptava às transformações da sociedade. Por isso, aceitou as propostas de mudança na liturgia, expressada pelo CULTO JOVEM. A IPC era avançada para sua época. Mas, claro, dentro da sociedade de seu tempo. Da mesma forma, não considero o Rev. Nehemias Marien liberal, mas autêntico progressista. Já o Rev. Jonas Rezende, este sim, foi liberal;

  1. Em 1975 foi realizado na IPC o 1º FestiJovem, vencendo o conjunto “Os Lírios”, da UMP de Bangu (Rio de Janeiro – RJ).

  1. O 2º FestiJovem, com apoio maciço de nossa UMP, foi na ACM – Associação Cristã de Moços. Saindo vencedores em 1º lugar o Hermes (letra) e o Carlinhos Félix (música). Na época, o Carlinhos Félix frequentava a Igreja Assembleia de DEUS. Música: DECISÃO. Em 2º lugar ficaram Elmar Gueiros & banda (com seus irmãos). Tenho até hoje o programa com as letras. Inclusive na banda vencedora. Além do Carlinhos e do Hermes, estava o Davi flautista e você Elmar, lembra??? (rsrs...) (Elmar: lembro mais ou menos... rssss)

  1. O 3º Festijovem, na Rádio Boas Novas; e o 4º FestiJovem na Universidade no Bennett. O Lucas ganhou o Festival Metodista (Vila Isabel) com a música “Paz do Senhor”.

Parabéns a todos pela iniciativa, efetiva participação e textos maravilhosos. Vamos escrever e contar histórias enquanto temos memória. Kkkk

Este ano, um grupo expressivo completa 40 anos de profissão de fé. Também, 40 anos do FestiJovem na Associação Cristã de Moços – ACM, marco histórico na música evangélica. O ano de 1976 foi todo especial na UMP da IP Copacabana. Então vamos, este ano realizar grande evento comemorativo. VAMOS CELEBRAR!!!!

Renato José Piragibe

Histórico, por Paulinho Marotta, 20 de janeiro de 2016, Belo Horizonte – MG, Brasil

Lendo todos estes depoimentos, muita coisa me vem à memória daquele tempo tão frutífero! Quantas lembranças boas!

Em 1976, o CULTO JOVEM já era uma realidade para mim, enquanto estava na liderança da UPA – União Presbiteriana de Adolescentes, com o André Marien, e desfrutava de grande proximidade com o Rev. Nehemias Marien.

Eu, André e Kandel tocávamos nos cultos da UPA aquilo que aprendíamos com o Carlinhos Félix, o Lucas, o Júlio e o Cláudio. E sempre levávamos os violões para ajudar no louvor nas reuniões das sextas-feiras.

Aos poucos, começamos a ter espaço no "banco de reservas" da banda que tocava no CULTO JOVEM... Eu lembro de uma reunião de sexta-feira quando o Bill e a Susan, da Igreja de Danville (Virgínia – EUA), vieram ao Rio de Janeiro como parte do programa de intercâmbio entre as duas Igrejas, na qual contamos 83 jovens na sala do apartamento dos meus pais, no bairro do Flamengo!

Os retiros dos carnavais de 1977, 1978, 1979 e 1980 foram marcantes, com muita música, experiências, conversões, choro, alegria, e noites viradas com louvores, oração e muita emoção!

Em 1980 aconteceu o show da banda SINAL VERDE no auditório da Faculdade e Colégio Bennett, para o lançamento do disco compacto em formato vinil. Eu vibrava, no gargarejo, procurando ajudar na organização daquele evento marcante! Eu era fã daqueles caras, eram meus "ídolos", minhas referências!

O Janires começou a frequentar algumas reuniões das sextas-feiras quando vinha de São Paulo – SP, e vendia “fitinhas cassete” (tipo miniaturizado de áudio em formato analógico de fitas magnéticas daquela época) de capa branca, com um desenho de um pastor e uma ovelha, com músicas meio doidas...

Até que, numa tarde de sábado, estávamos eu, o André e o Kandel ensaiando na salinha ao lado da cozinha, na Rua Paula Freitas, quando apareceram o Janires e o Pedro, carregando um par de caixas de som, uma mesa e um PA (Public Audio System) e nos chamaram para fazer um som na Praça Serzedelo Correa.

Topamos na hora! E saímos pela rua carregando os equipamentos e os instrumentos. Subimos num pequeno palco improvisado com caixotes de feira, e acho que foi aí que começou esta nova fase da banda REBANHÃO, que já havia tido formação com equipe de São Paulo – SP.

Algum tempo depois, o Carlinhos Félix começou a andar com a gente e, de vez em quando, tínhamos o Lucas, e até o Lisaneas! Pouco depois, o André parou (acho que teve a ver com a crise na liderança da IPC). Foi aí que se consolidou a formação base da banda REBANHÃO, entre 1981 e 1986, com Janires, Carlinhos, Pedro, Kandel e eu.

Sem dúvida aquele tempo com todos vocês na IPC – Igreja Presbiteriana de Copacabana foi a melhor fase da minha vida!

Paulinho Marotta

Histórico, por Carlinhos Félix, 19 de fevereiro de 2016, Rio de Janeiro – RJ, Brasil

Tenho lido os relatos dos amigos neste documento histórico sobre o surgimento e a evolução do CULTO JOVEM, os quais fizeram parte da UMP – União da Mocidade Presbiteriana da IPC – Igreja Presbiteriana de Copacabana, em meados da década de 70.

Consigo viver e lembrar com saudades daquele tempo maravilhoso e inexplicável. Sempre lembro e comento para os meus filhos, quando estamos em casa contando as histórias que vivemos. Às vezes sou chamado a atenção por eles: “ – Pai você já falou isso umas 10 vezes!!!!”

Será que é a idade?? Não. Foi mesmo um tempo inesquecível!! Sou muito grato a DEUS por cada amigo que me acolheu na IPC quando cheguei vindo da Igreja Assembleia de Deus, do bairro de São Cristóvão da capital Rio de Janeiro. De “assembleiano” me tornei Presbiteriano! De garoto da Zona Norte me tornei um “play” da Zona Sul.

Minha vida mudou, com novos amigos e irmãos. DEUS mudou a minha vida e o meu coração. Sou grato a Ele por ter participado daquela galera da Mocidade da IPC, dentre os quais os amigos que escrevem este documento, como legado para os jovens evangélicos de hoje.

Por isso, considero linda a minha história. Tive muitas experiências positivas com JESUS no meio daquela galera, que me deu respaldo para ajudar o Brasil a experimentar o Evangelho do Nosso Senhor JESUS CRISTO. E continuar caminhando e vivendo novas experiências.

Hoje conto com discografia de 01 compacto com a banda SINAL VERDE, 8 LPs/CDs com a banda REBANHÃO e 17 CDs em carreira solo. Com minha esposa amiga, geramos 3 maravilhosos filhos. E somos pastores evangélicos viajando o mundo inteiro cantando e espalhando frutos da semente do Evangelho de JESUS CRISTO, que entrou no meu coração com aquela Mocidade (UMP) da Igreja Presbiteriana de Copacabana que, ao promover o CULTO JOVEM, me deu oportunidade de iniciar minha carreira como artista evangélico.

Beijão para todos que subscrevem este documento. Amo todos vocês! Super valeu!

Carlinhos Félix

Histórico, por Lucas Ribeiro, 22 de agosto de 2016, Campinas – SP, Brasil

Em 1977, depois de aceitar o evangelho e ao Senhor Jesus, quando morava nos EUA, fui levado pelos meus pais à igreja da qual eles eram membros, a IPC – Igreja Presbiteriana de Copacabana. Os anos setenta foram, sem dúvida, anos de transição de costumes, não só da cultura pop, mas também da música nas igrejas.

Meu depoimento histórico é muito simples, mas posso relatar que, voltando ao Brasil e tendo entrado em contato com os LPs de Andrea Crouch, e muitos outros cantores e bandas cristãs da época, eu achava que poderíamos reproduzir tudo aquilo no Brasil.

Fiquei muito entusiasmado e, ao encontrar ali irmãos que amavam também tocar as mesmas músicas, gostávamos das mesmas bandas (Led Zeppelin, Beatles, Vencedores por Cristo, e muitas outras), conversávamos horas a fio sobre como um dia iriamos ouvir música cristã nas rádios mais conhecidas da época, como a extinta Fluminense FM (conhecida como “Maldita”, não por questões religiosas, mas por que eram todos músicos que não se encaixavam na época, no mercado da música, pessoas como Arrigo Barnabé, Paralamas, dentre outros), lembrando que naquele tempo a música cristã não havia se profissionalizado, não existia este conceito atual de música “gospel” e nem todo o aparato da mídia que temos hoje. Neste aspecto, eram tempos completamente diferentes.

Como já disse, quando cheguei na Mocidade da IPC – Igreja Presbiteriana de Copacabana em 1977 | 1978, encontrei pequeno núcleo de pessoas que já sonhavam em fazer música, que na época era conhecida no meio cristão por “música de corinho jovem”.

Ali me juntei àquele grupo musical que passou a se chamar (banda) SINAL VERDE. Comecei na percussão e depois fui para a guitarra. Lembro-me com orgulho de exibir a minha guitarra da marca Rickenbaker, que comprei do José Fernando, irmão do Pedro Bianco, que hoje é pastor da Comunidade de Jesus do Rio de Janeiro – RJ. Gravamos nosso primeiro compacto nos estúdios TOK daquela capital, no bairro de Botafogo, pertencente ao baterista Chico Batera. Posso contar algumas passagens engraçadas durante a gravação: existia um lounge (salão) para os músicos relaxarem antes de entrarem no estúdio. Naquela época não tínhamos todas as facilidades que temos hoje, as maquinas de gravar eram imensas, gravar custava caro demais.

Eu acho que o pessoal do estúdio nunca tinha ouvido falar em música evangélica. O estranho era ver a reação dos outros músicos profissionais, ao ver-nos orando antes das sessões. Uma vez o Chico Batera entrou na sala e nos “pegou” orando, e acho que ficou com pena da gente e falou: “ – Vamos lá gente, mais animação ai!”. Até hoje não sei o que ele queria dizer com isso, mas tudo bem, ele era um cara legal.

Gravamos um compacto com o apoio financeiro do pai de um dos integrantes da banda, e ai passamos a tocar em igrejas, também na extinta faculdade Metodista Bennet (com salão lotado de alunos e professores) e muitos outros lugares (fomos barrados em muitas igrejas também).

Éramos nós que pagávamos para ir tocar e pregar nestes lugares, não recebíamos nada, tudo na empolgação e dedicação ao Senhor. Lembro-me que a primeira pessoa que nos deu uma oferta foi o Rev. Caio Fábio, que na época pastoreava uma vibrante igreja em Niterói – RJ, nem acreditamos (sério).

Posso dizer que meu saudoso e querido irmão Luciano Dewet se aproximou de Jesus também por causa da banda. Ele foi para os teclados, se engajou com o grupo, e hoje está com o Senhor, o nosso baixista Júlio Henry também está lá com Ele.

Devem estar me esperando para retomar os ensaios. Sei que também estão lá junto com o Janires. Por falar em Janires, posso contar algumas coisas: depois do ensaio na igreja IP de Copacabana eu estava guardando no armário os instrumentos (bateria da marca Pinguim – só quem viveu aquela época sabe qual era a importância de uma bateria Pinguim) quando chegou um cara de camisa aberta, meio hippie, meio Black- Power, e falou comigo como se me conhecesse há tempos: “— Eu estou chegando de Brasília (DF) e criei uma banda chamada REBANHÃO; tenho uma mesa de som que ganhei de um empresário e estou aqui no Rio (RJ) para morar”, disse ele.

Logo mostrei a ele nosso equipamento de som: Gianninni, Phelpa, etc... Bem, o resto é outra parte da história. A ele se juntaram o Carlinhos Félix, Paulo Marotta e Pedro Braconnot e Kandell. Mas, antes preciso dizer que Janires foi o único cara que me convenceu a ir pregar no presidio Frei Caneca (Rio de Janeiro – RJ) e, quando dei por mim, já estava lá no pátio dos internos, nós dois tocando.... Mas, era ele quem pregava e liderava tudo.

A banda SINAL VERDE acabou depois de alguns poucos anos, mas posso dizer com muito orgulho que levei o compacto para ver se tocava na Rádio Fluminense FM, “A Maldita”: ( http://www.blogdojama.com.br/2016/02/livro-conta-historia-da-fluminense-fm.html

Acho que nunca tocaram o compacto. Mas, tudo bem, cumprimos nosso papel com amor e real zelo pela obra de Deus.

A última apresentação da banda SINAL VERDE, se não me engano, foi no teatro Boas Novas, em Vila Isabel, Rio de Janeiro – RJ. Já com formação um pouco diferente, tínhamos a Sylvana Marotta e Serginho, junto com a Edy Gusmão e a Maria Luiza Milazzo. Nesta noite conhecemos a dupla de missionários americanos que nos convidou para aquele evento evangelístico. Era evento patrocinado por eles, mas antes de entrarmos no salão superlotado, eles quiseram orar com a gente nos camarins. Era igreja de orientação pentecostal e, ao orarem, eles nos deram uma profecia: “vocês serão conhecidos no mundo inteiro, pregarão o evangelho até os confins da terra e por ai vai...”, a banda acabou logo depois. Não faço aqui nenhuma crítica aos irmãos, Deus sabe todas as coisas. A Edy Gusmão, uma das vocalistas da banda, me disse mais tarde que eles talvez tivessem nos confundido com a banda REBANHÃO....

Este era o clima de efervescência cultural e evangelística da IPC no início dos anos 80. Estou convencido, depois de ter conversado com o Rev. Renato Maya, que fora o primeiro presidente da mocidade, que naquela época houve verdadeiro avivamento. Eu nunca vi nada igual, pois até hoje os membros daquela Mocidade (UMP) se tratam com carinho e amor, como se tivessem retomado o último papo na porta da igreja depois do culto. Ainda hoje nos consideramos e tratamos como Mocidade. Acho que, por dentro, somos eternos jovens....

Bem, termino dizendo que Deus nos chama para exercitarmos nossos dons, com espontaneidade e simplicidade de coração. Somos outras pessoas hoje. Crescemos, amadurecemos, passamos por provações, mas sabemos que tudo tem o seu tempo debaixo do sol. Porém, o mais importante é que fomos e continuamos a ser preservados pelo Pai, pois foi Ele quem nos chamou e nos deu diversos dons.

Dava para escrever um livro, eu sei; tem muito mais para contar; quem sabe um dia....

Lucas Ribeiro

Elmar Gueiros – A Ampliação do Culto Jovem para o Nordeste | Rev. Roberval de Andrade Lira

Em meados dos anos 70, esteve presente no Culto Jovem da IPC – Igreja Presbiteriana de Copacabana o Rev. Roberval de Andrade Lira, esposo da minha irmã Virgínia Gueiros Lira, junto com os sogro Samuel Gueiros Pessoa, então presbítero da IPC.

Após observar a grande quantidade de evangélicos e visitantes presentes naquele culto, o Rev. Roberval imediatamente tomou a decisão de implantar a ideia na Igreja Presbiteriana de Casa Caiada, em Olinda – PE, na qual pastoreava.

O Culto Jovem naquela igreja era especificamente para louvor e evangelização, para o qual muito eram convidados, principalmente jovens não evangélicos. Do mesmo modo que na IPC-RJ, iniciava às 17h30 e encerrava às 19h, quando iniciava o culto tradicional e A Palavra de Deus era ministrada por meio dos sermões preparados pelo Pastor Roberval ou outros pastores convidados.

Os resultados na expansão dos novos cristãos evangélicos foram muito semelhantes aos da IPC-RJ, com muitas conversões e frequência assídua de muitos jovens.

O Pastor Roberval de Andrade Lira e sua esposa e colaboradora Virgínia Gueiros Lira (regente do Coral) foram os pioneiros na implantação do Culto Jovem no Nordeste do Brasil na Igreja Presbiteriana de Casa Caiada, Olinda – PE.

Fotos históricas da banda SINAL VERDE

Início (a partir de cima e do lado direito): Carlinhos Félix, Julio Henry, Luciano Luht Dewet, Claudio Ferreira, Edy Gusmao, Lisaneas Sa Freire, Lucas Ribeiro e Maria Luiza Milazzo,

Depois (a partir de cima e da direita): Edy Gusmao, Maria Luiza Milazzo, Luciano Luht Dewet, Claudio Ferreira, Lucas Ribeiro e Julio Henry

Histórico da banda REBANHÃO na Wikipédia:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Rebanh%C3%A3o

Rebanhão é uma banda de rock, brasileira, com temáticas cristãs, formada na cidade do Rio de Janeiro em 1979. É conhecida por ser a primeira de sucesso a apresentar uma sonoridade completamente característica da música popular da época dentro do nicho cristão, principalmente popularizando o rock.[1] Dentre as sonoridades exploradas pela banda, destacam-se o rock progressivo e o pop rock, com forte influência da tropicália e do Clube da Esquina,[2] além de bandas e cantores evangélicos americanos como Keith Green e Petra.

A banda foi fundada por Janires, no final da década de 1970. No começo dos anos 1980, Janires se mudou para o Rio de Janeiro onde, junto com o tecladista Pedro Braconnot, integraram músicos da Igreja Presbiteriana de Copacabana na formação, entre eles Paulo Marotta (baixo), Kandell Rocha (bateria), Zé Alberto (percussão) e Carlinhos Felix (guitarra). Alberto saiu logo no primeiro álbum, enquanto Janires e Kandell se desligaram em 1985, dando lugar ao músico Fernando Augusto. Durante vários anos, a banda esteve estável em sua estrutura, em fase da formação clássica. Entre 1990 e 1992, Fernando, Carlinhos e Paulo deixaram a banda, e Pedro Braconnot assumiu a liderança com outros músicos convidados até 2000, quando o conjunto entrou em hiato até o ano de 2014.

1979–1981: Início da banda

O início da história do Rebanhão confunde-se com a trajetória musical e religiosa de Janires Magalhães Manso. Após ser preso em flagrante, parar numa casa de recuperação e tornar-se cristão protestante após frequentar os cultos na Igreja Cristo Salva, conhecida também como "igreja do Tio Cássio", o músico tinha a vontade de criar uma banda de rock cristão. Ainda, nessa época o cantor escreveu suas primeiras composições. Foi gravado um álbum em 1979, mas Janires decidiu mudar-se para a cidade do Rio de Janeiro, finalizando tal projeto ali.[4]

Assim que chegou ao Rio de Janeiro, Janires tornou-se membro da Igreja Presbiteriana de Copacabana. Atuando no louvor da igreja, conheceu os integrantes de uma banda de rock existente ali, chamada Sinal Verde. Membros deste grupo afirmavam que Janires sempre manifestava interesse em fundar o Rebanhão ali, porém não tinha recrutado músicos.[5]

Durante um acampamento em Juiz de Fora, um jovem convertia-se ao protestantismo. Ainda dependente químico, Pedro Braconnot conheceu Janires e aceitou participar do Rebanhão. O tecladista, ainda afirmou numa entrevista que, durante esta época passou por uma fase pessoal de altos e baixos, mas Janires o ajudou.[6]

Num dia, Janires e Pedro assistiram um ensaio de vários músicos cristãos e os convidaram para integrarem ao Rebanhão, aos quais eram Paulo Marotta, Kandell Rocha e André Marien. Todavia, Marien não permaneceu no conjunto, fazendo com que a banda precisasse de um guitarrista. Janires, então convidou Carlinhos Felix, na época baixista da Sinal Verde para que integrasse ao grupo.[7]

Carlinhos Felix era engenheiro na Petrobras, e por conta da flexibilidade de seu emprego, tinha liberdade para viajar com o grupo. Durante um tempo, o mesmo permaneceu também na Sinal Verde, gravando o primeiro e único single do grupo, "Pra Você".[5] Na mesma época, Janires convidou Elmar Gueiros para a banda para os solos, mas o músico não pode permanecer por conta de seu trabalho.

A banda começou suas atividades executando suas canções em vários locais da cidade, como nas praças e praias, em alguns momentos junto à Paulo César Graça e Paz. Pela sua sonoridade e letras, o grupo não foi bem recepcionado por grande parte dos religiosos da época. Porém, o grupo prosseguiu.[8] A banda também passou a apresentar em teatros, juntamente com a atriz Darlene Glória, apresentando-se para outros artistas e músicos da época.[9]

Nós queríamos entrar na igreja com bateria e guitarra com som distorcido. No início houve um certo preconceito, depois eles aceitaram.

— Carlinhos Felix comentando à Folha de S.Paulo sobre o início do Rebanhão.[8]

O primeiro disco do conjunto, Mais Doce que o Mel (1981) foi sucesso imediato, embora tenha causado polêmicas entre líderes religiosos. Sob o comando criativo de Janires, o grupo produziu Luz do Mundo (1983) e Janires e Amigos(1985), considerados clássicos da música cristã no Brasil. Com a saída de Janires, a música do Rebanhão ficou mais pop, com influências do art rock. Nesta fase, Carlinhos Felix, juntamente com o tecladista Pedro Braconnot, assinavam a maioria das composições. Nesta época, o grupo lançou vários sucessos, como "Primeiro Amor", "Nele Você Pode Confiar", "Paz do Senhor" e "Palácios", esta última parte do álbum Princípio (1990), um dos alicerces do movimento gospel.

Durante seus anos de carreira, o Rebanhão realizou vários feitos, nos quais é considerado o primeiro precursor de grande relevância do rock cristão. Também foi o primeiro grupo a se apresentar em grandes casas de shows e ser precursor do chamado movimento gospel. Juntamente a outros artistas da época, durante vários anos manteve contrato com grandes gravadoras, nas quais estavam fora do círculo religioso.[3] A discografia do Rebanhão é lembrada por vários artistas evangélicos em regravações, incluindo o disco Tributo a Janires (2004), em homenagem ao fundador do grupo.

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