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  • Alfredo Gueiros

Disciplina


Em Olinda (PE), precisamente na Igreja Presbiteriana de Casa Caiada, fiz muitos amigos e a amizade perdura até hoje e, mesmo a distancia e o tempo não foram motivos para apagar as amizades e, destaco algumas marcantes, tais como: a de Clovito (Clovis Prazim), Iremar (Bigode), Naldo (Marcilio Leão), Zé Nicéas (Zé de Neusa), Tony, Paulo Bonitão, Betinho (Caricatemba), Junior (Defunto) e tornar-se-ia quase interminável, a lista, portanto termino aqui a lista. De todos esses amigos acima mencionados, tenho uma lembrança forte de um, e a recordação dele me vem acompanhada de uma histórias marcante e hilária mas que também, é uma verdadeira lição para toda a vida. A história não aconteceu, com ele, foi com o seu avô. O fato se passou com o Sr. Nezinho, avô do meu grande amigo José Nicéas (Zé de Neusa).

Na época, entre 1930 – 1950, “seu” Nezinho era o Mestre de uma indústria têxtil, instalada na sua cidade natal, Goiana (PE) e que está localizada a poucos quilômetros de Recife, e como mestre, era o responsável pela produção e manutenção do de todo o parque industrial. Ocorreu que, em um belo dia, um dos diretores da fábrica chamou sr. Nezinho no seu escritório e o apresentou ao um sobrinho da sua esposa, pedindo que Nezinho “arrumasse” um lugar para rapaz na linha de produção de estopas, A primeira vista, seu Nezinho não gostou muito das atitudes do rapaz pois durante a conversa, não demonstrou nenhum interesse no trabalho, não perguntou o que ia fazer, qual a jornada, quanto ia ganhar, enfim, ficou mudo e quieto. Atendendo o pedido do seu diretor e patrão, Nezinho colocou o rapaz na função de varredor do chão da fábrica e nessa função teria ele a oportunidade de ver as pessoas trabalhando e talvez despertasse em si algum interesse em aprender e desenvolver as habilidades de alguns. O jovem aprendiz continuava sem atitude, sonolento e sem nenhuma aptidão para funções mais elaboradas. Aconteceu que em um certo dia, Nezinho notou a ausência do rapaz e prontamente se dirigiu até o setor de pessoal para averiguar se havia alguma justificativa da falta do mesmo. Não havendo nenhuma, Nezinho então, aplica ao faltoso injustificado, uma suspensão de 3 dias. Nezinho volta para à fábrica e continua a trabalhar normalmente. No dia seguinte, ao chegar na fábrica, Nezinho depara-se com o rapaz faltoso e suspenso, trabalhando. Dirige-se então até jovem e lhe pergunta se ele não recebeu a suspensão do departamento de pessoal, o rapaz confirma que a recebeu sim, porém, foi falar com o seu “tio”, e que o mesmo mandou retornar ao trabalho. Nezinho voltou ao seu pequeno escritório para refletir sobre o ocorrido e após alguns minutos, tomou uma decisão. Foi até o departamento de pessoal para esclarecer com o chefe o que realmente aconteceu, ao chegar e peguntar o porque da volta do suspenso, o chefe repete a mesma resposta do faltoso, o “tio” mandou ele de volta ao trabalho, e revogou a suspensão aplicada por Nezinho e ainda completa com a frase dita pelo “tio”: - “...volte pro seu trabalho, Nezinho tá ficando velho, num ligue pra ele diz não...”. Ali mesmo, Nezinho pede outro formulário de suspensão, o preenche, entrega para o chefe do departamento. Ele dá meia volta e vai pra sua casa. Lá pelas tantas, quase meio dia, um mensageiro chega na casa de Nezinho e lhe avisa que o diretor que falar com ele. Depois do almoço, Nezinho chega à sala do diretor que apressadamente manda-o entrar e vai perguntando qual o motivo daquela outra suspensão. Nezinho responde: - “... suspendi quem estava errado...” O Diretor olha pra Nezinho e diz: - “... Nezinho!! Você suspendeu a você mesmo!!...” Calmamente Nezinho diz: -“... ora doutor, como eu suspendi o seu sobrinho, porque ele faltou ao trabalho sem justificar, e o senhor mandou ele voltar a trabalhar, eu é que estou errado. Foi por isso que eu mesmo me suspendí...” Com isso, o diretor despediu o rapaz, pediu a Nezinho para voltar ao trabalho naquele mesmo instante e nunca mais deixou de acatar um pedido dele. Isso é que é disciplina!


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