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  • Luiz Soares

Carta para uma filha


Sexta-feira, dia 16 de dezembro de 2016, meu pai me chamou para ir até sua casa resolver um problema no "pisca-pisca" da árvore de natal e prontamente foi atendido. Após examinar, lhe afirmei que a instalação elétrica do tal "pisca", estava em curto sendo necessário a substituição. Aproveitei e almocei com meus pais, esposa, o meu irmão Elmar, cunhadas e sobrinhos.

Após a refeição, meu pai me chamou para ler uma e-mail enviado pelo seu plano de saúde, que tratava de uma solicitação de documentos para um procedimento dentário. Depois de ler o e-mail, expliquei o solicitado, e coisa e tal. Neste momento, papai tirou do bolso uma folha de papel bem velhinha e cuidadosamente dobrada, ao avista-la, notei que era uma carta e, para os mais jovens, cartas já foram usadas como uma forma de comunicação, também notei que já tinha se passado muito tempo desde que aquela fora escrita, e hoje, a cartinha conta exatamente 58 anos de idade. Foi escrita pelo seu sogro, o Sr. Luiz Soares, nosso avô materno. Leiam a cartinha.endereçada a minha mãe.

Diz a sabedoria que «HÁ MOMENTOS EM QUE FALA O CORAÇÃO E A ALMA ESTÁ DE JOELHOS». Esta filosofia lembrada em certos transes da vida de cada um, é de um enquadramento surpreendente. Maviosa e amena em alguns casos, noutros, é de uma crueldade impar porque a imaginação não pode fugir ao conceito de que encerra os ditames da frase acima. Fixados nelas, vai-se passando os momentos de prazeres, de tristezas que nos mostram paradoxalmente, a grandeza que encerra. Estas minhas divagações, vem a proposito de que, mais uma vez, se passa no meu eu, que já cansado de tantas lutas, de tantos prazeres e de tantas tristezas, experimenta, mais uma vez, as torturas de uma separação. Ainda não estão cicatrizadas as chagas abertas em meu coração pela cruel fatalidade, coadjuvada pelos designos do destino implacável. Ainda ouço, nas minhas horas de meditação, a voz daquela que, substituindo outra companheira, soube, tão bem, cumprir, um verdadeiro sacerdócio. Como uma visão, ainda passam diante dos meus olhos, os quadros que presenciei, quando aquela, que hoje não me pertence mais porque o criador a quiz, quando ensinava aos meus rebentos, os verdadeiros caminhos da vida e da felicidade. Tudo está revivido, hoje, quando você, também se vai. Não em procura da vida eterna, mas, em procura de outra vida que, espero seja de felicidades. Vá, minha filha, vá cumprir a missão que Deus lhe confia nesta hora que é igualmente, a missão que Ele entregou aquela que lhe deu o ser e a vida. Seja boa como sua mãe e bastará isso para a sua felicidade e do seu esposo. Vá, minha filha, procure cumprir os seus deveres de esposa, mãe adotiva e, talvez, real. Não esqueça, porém, seu velho pai e seus irmãos porque estes, não obstante o seu novo estado, serão, sempre, os guardiões que olham para o seu futuro e para a sua melhor sorte. Não esqueça que hoje, fica encerrado, para você, o período de umas tantas vaidades que seu novo estado não comporta. Para terminar, quero que compreenda que estou batendo no teclado desta companheira muda, com o coração aberto e a alma ajoelhada. Uma benção. Luiz Soares.


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